Em “Hell is Us”, jogadores que buscam liberdade e detestam mapas repletos de ícones de missões ou serem guiados passo a passo encontrarão um mundo que os atrai. O jogo cumpre a promessa de não fornecer marcadores de missões, mapas mundiais ou dicas sobre para onde ir, incentivando a exploração instintiva. Apesar disso, o nível de desafio não é tão grande quanto se poderia imaginar, já que o jogo oferece pistas sutis para manter o jogador no caminho certo. Combinado a um mundo brutal e um sistema de combate surpreendentemente complexo, “Hell is Us” se apresenta como uma tentativa envolvente, embora imperfeita, de definir um novo tipo de jogo de ação/aventura.

Ambientado na região fictícia de Hadea, no final do século XX, “Hell is Us” entrelaça o mistério centenário do surgimento de monstros fantasmas e as calamidades que os acompanham, com uma guerra civil que dilacera a terra. Os cidadãos de Hadea se dividem entre duas facções, Palomistas e Sabinianos, com décadas de história e propaganda alimentando crimes de guerra grotescos e incontáveis vidas perdidas no derramamento de sangue. É neste contexto que “Hell is Us” apresenta seus momentos mais impactantes e perturbadores, expondo atos de depravação que ilustram como as divisões entre as pessoas podem levá-las a cometer atrocidades. Cenas de violência chocante e relatos de torturas horripilantes permeiam o jogo, dando forma à brutalidade da guerra civil em curso. Essas cenas não são gratuitas, mas contribuem para a textura da região e para o sofrimento dos cidadãos que tentam desesperadamente escapar.

Ao explorar os diversos centros que podem ser livremente visitados, o jogador encontra personagens em busca de ajuda. Um pai enlutado em uma vala comum pode encontrar consolo em uma foto de sua família resgatada pelo protagonista; um político aprisionado agradece pela ajuda em encontrar um disfarce para navegar por um escritório hostil; uma jovem perdida se lembra de seu pai ausente através de um par de sapatos que ele pediu para entregar antes de sua morte. Essas boas ações, embora não sejam essenciais para a história principal, aprofundam a conexão do jogador com Hadea e cumprem a promessa de exploração sem guias. Pistas sutis guiam o jogador em direção aos itens que cada personagem procura, seja na cidade atual ou em outro local distante. A satisfação de lembrar de uma conversa breve ocorrida horas antes ao encontrar um novo item permite concluir missões secundárias há muito abandonadas.

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